quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Homilia - 24º Domingo do Tempo Comum - 12/09/2010

Meus irmãos e minhas irmãs,

Acompanhando o Evangelho que é lido a cada domingo, percebemos como Jesus exerce uma incrível força de atração. Os Evangelistas evidenciam sempre que Ele era seguido por grandes multidões, por pessoas sedentas que perguntavam, questionavam, faziam comparações e desejavam ouvir de Jesus palavras que preenchessem o vazio de suas vidas, que respondessem suas dúvidas, que tocassem o mais profundo de seus corações.

O mesmo acontece hoje. Aqui, no Bonfim, em outros santuários e em outros templos, Ele continua atraindo. É incrível, ninguém convida, ninguém faz propaganda, ninguém faz campanha de divulgação e a Basílica está sempre cheia. Por quê? Ele, Jesus, o Senhor do Bonfim, continua atraindo. Como também, cada pessoa deseja encontrar aqui respostas para seus problemas, para suas dúvidas, para suas inquietações.

Através da oração que cada um faz, das leituras bíblicas, particularmente, do Evangelho que escutamos e da pregação feita pelos sacerdotes, vamos encontrando as respostas desejadas. Isto é, vamos encontrando o conforto, o entendimento, o esclarecimento e entendendo o que Deus quer que façamos.

Pois bem, as três parábolas do Evangelho, bem como as demais leituras nos ajudarão a compreender que Deus é misericordioso e que seu amor, vai além dos limites humanos. Olhando para a imagem do Senhor do Bonfim, tocados pela ternura do seu olhar, vendo seus braços sempre abertos, seu semblante sempre sereno, temos a mesma sensação. Aliás, não somente a sensação, nós temos convicção, pois denominamos esta igreja de mansão da misericórdia.

A primeira parábola nos fala da ovelha perdida. Noventa e nove são deixadas no deserto para que o dono procure a perdida, até achá-la. A segunda parábola fala da mulher que perdeu uma de suas dez moedas de prata. Ela sai procurando até encontrá-la e é grande sua alegria por tê-la recuperado. Ambas terminam revelando que será grande a alegria de Deus pelo pecador que se converte, maior até do que a alegria pelos justos que não precisam de conversão.

A intenção de Jesus não é dizer que Deus ama mais o pecador que o justo, mas que o pecador também é amado e procurado por Deus. A ovelha e a moeda perdidas representam o pecador. Se a alegria humana por recuperar ou encontrar um bem é tão grande, imagina a de Deus por um pecador que se arrepende, por ter um filho seu de volta. Portanto, aqui na Igreja do Bonfim, nós devemos acolher bem a todos, sobretudo aqueles que estão enfrentando alguma dificuldade, algum problema. Aqueles que estão afastados de Deus, que abandonam a fé ou professam outro credo.

Aqui, devem fazer a experiência do encontro,  da conversão, do retorno a casa do Pai, conforme o exemplo da terceira parábola. O pai faz festa para comemorar o retorno do filho pródigo. Quando avista o filho, não espera, vai ao seu encontro. Tal era a sua satisfação, a sua alegria, a sua “compaixão”.  Abraça-o, beija-o; oferece a melhor roupa, anel, sandália, faz um banquete para festejar porque aquele “filho estava morto e tornou a viver; estava perdido e foi encontrado”. Porém, o filho mais velho fica com ciúmes, reclama externando um sentimento de mesquinhez, de cobrança, de falta de compaixão, de dificuldade de perdoar. Ainda hoje, muitos reagem e pensam assim, ou seja, não entendem que o amor divino do Pai Eterno é pura gratuidade. A referida parábola traduz a bondade infinita de Deus e revela como ele é Pai bom, é verdadeiramente misericordioso.

Na primeira leitura Moisés vê o pecado do povo, mostra a necessidade de conversão e de cultivar fidelidade à Aliança. Conhecendo o coração de Deus, reza pedindo perdão para o povo que foi desobediente e é atendido.

Na segunda leitura Paulo testemunha que agindo “com a ignorância de quem não tem fé”, fez muitas coisas erradas, porém experimentou a misericórdia de Deus. Como também, afirma que “Cristo veio ao mundo para salvar os pecadores”.

Diante de tais afirmações, tais exemplos e tais evidências, nós concluímos: maior do que o nosso pecado é o amor e a misericórdia de Deus.

Na condição de reitor desta Basílica denominada de “mansão da misericórdia”, trago no meu coração um desejo; na minha consciência uma inquietação; na minha mente um propósito que poderá ser transformado numa realidade: que na Igreja do Bonfim, cada pessoa possa experimentar a misericórdia de Deus.  Este é o meu grande sonho! Por isso procuro atender bem todas as pessoas sem distinção e tenho orientado aos demais padres, aos diáconos, aos leigos engajados, aos funcionários que façam o mesmo. Desejo que buscando o sacramento da reconciliação, tendo oportunidade de fazer uma leitura ou prece, entrando com a imagem do Senhor do Bonfim no final da missa, sendo convidado (a) para exercer um serviço ou ministério, pela nossa atenção, pela nossa bondade, pela nossa espontaneidade e, principalmente, pelo nosso acolhimento, cada fiel, cada devoto, cada turista, cada pessoa experimente a misericórdia de Deus expressa através da imagem do Senhor Bom Jesus do Bonfim, que recebe a todos de braços abertos.

Nos últimos dois anos e alguns meses, já melhorou muito, porém espero que possamos aprimorar muito mais. Desejo que sejamos acolhedores, ponte e possamos abrir espaço, para que muitos outros tenham a oportunidade de fazer a experiência do encontro com Jesus, o Senhor do Bonfim.

“a decisão de caminhar em direção ao santuário já é uma confissão de fé, o caminhar é um verdadeiro canto de esperança e a chegada é um encontro de amor. O olhar do peregrino se deposita sobre uma imagem que simboliza a ternura e a proximidade de Deus. O amor se detém, contempla o mistério. Desfruta dele em silêncio. Também se comove, derramando todo o peso de sua dor e de seus sonhos. A súplica sincera, que flui confiante, é a melhor expressão de um coração que renunciou à auto-suficiência, reconhecendo que sozinho nada pode. Um breve instante condensa uma viva experiência espiritual. Aí o peregrino vive a experiência de um mistério que o supera, não só da transcendência de Deus, mas também da Igreja, que transcende sua família e seu bairro. Nos santuários, muitos peregrinos tomam decisões que marcam suas vidas. Suas paredes contêm muitas histórias de conversão, de perdão e de dons recebidos, que milhões poderiam contar” (DA n. 159 – 160).  

 
Pe. Edson Menezes da Silva
Reitor e Vigário Episcopal

Nenhum comentário:

Postar um comentário